C.E.E.P.Agrícola de Campo Mourão.

domingo, 5 de maio de 2013

Compostagem em Foco


         Um importante projeto na área de preservação ambiental vem sendo  desenvolvido no CEEPA de Campo Mourão.  O projeto foi tema de uma entrevista coletiva, feita pelos alunos do jornal Folha Agrícola ao professor Carlos Roberto Kramer Vieira. A entrevista aconteceu no dia 22 de abril de 2013, na sala onde acontecem as reuniões de preparação do jornal. 

         Compostagem, segundo o dicionário Houaiss, é a “reciclagem de lixo para uso como adubo agrícola.” No refeitório do colégio, já era comum separar o lixo orgânico do lixo reciclável. A novidade é que está em andamento, desde o início do ano, o projeto de compostagem de resíduos alimentares. Tais resíduos serão transformados em adubo, que será utilizado no cultivo da horta da instituição. O projeto é iniciativa do professor Carlos Roberto Kramer Vieira, concluinte do PDE – Projeto de Desenvolvimento da Educação - em 2012.

         Para conhecer mais detalhes dessa ação e repassar informações à Comunidade Escolar, os alunos da redação desta Folha Agrícola reuniram-se no dia 22 de Abril para entrevistar o professor Roberto.  Durante os trinta minutos de um bate papo descontraído, os alunos ouviram atentamente às respostas de suas perguntas, que haviam sido elaboradas previamente. Nesta publicação, segue o vídeo com a entrevista na íntegra e as perguntas feitas ao professor.

Compostagem em Foco - 1ª parte da entrevista

Folha Agrícola: Por que o senhor escolheu a compostagem como tema do projeto?
Carlos Roberto: A ideia surgiu quando estava no refeitório e comecei a observar os alunos jogando fora os seus restos de comida. Percebi que isso poderia ter uma finalidade educativa. Havíamos tentado realizar a compostagem anteriormente, porém, da maneira errada. Isso porque o local era frequentado por animais, que descobriam e remexiam o lixo, estragando o projeto. Desta vez, estamos utilizando uma maneira que acreditamos ser correta. Eu levei o meu projeto para a orientadora do PDE, ela aprovou, estamos com ele em andamento.

FA: Quais os benefícios que a compostagem pode trazer, na sua opinião?
CR: Um dos benefícios que a compostagem pode trazer é ter uma própria fonte de  adubos orgânicos. Da mesma forma que se utiliza os resíduos dos estercos bovinos, podemos, também, obter o adubo a partir de vegetais decompostos. Essa matéria orgânica será utilizada na produção de hortaliças para a horta do colégio. Outro benefício que podemos destacar é em relação ao aterro sanitário do município. Precisamos conscientizar a população de que todo aterro sanitário tem uma via útil, ou seja, ele é construído para ser utilizado em um determinado período de tempo. A reciclagem tem o poder de dar um fôlego maior ao aterro e preservar a sua vida útil. E, por fim, é claro que queremos preservar o nosso meio ambiente, de forma geral. Devemos ter mais cuidado para  não o agredirmos da forma que está sendo agredido. Esses são os principais benefícios que a compostagem vai nos trazer, mas é claro que se for realizado com sucesso pode trazer muitos outros.

FA: Professor, o que é necessário para que o projeto dê certo?
CR: Eu costumo dizer que mesmo se eu não tiver um quilo de alimento para compostar, o projeto já terá sido um sucesso. Porque isso irá revelar a conscientização dos alunos em combater o desperdício de alimentos.

FA: Gostaria que o senhor nos dissesse quanto tempo e de que modo se faz a compostagem?
CR: O tempo necessário para implantar a compostagem é de 75 à 90 dias. Para sua realização, foi construído um tanque de concreto com depósito para o chorume (líquido de cor escura e poluente para a natureza). As camadas do composto são intercaladas entre palha e resíduo  orgânico, e a temperatura é monitorada para que não haja danos às minhocas, que são importantes na decomposição dos resíduos. E o local é protegido por uma cerca para evitar que os animais domésticos entrem e possam estragar a montagem.

FA: Professor, em relação ao PDE, como os professores repassam as informações adquiridas no curso para os alunos?
CR: No nosso caso, as informações obtidas no período do curso estão repassadas aos alunos por meio desse projeto. De modo geral, os conteúdos teóricos são repassados aos professores por meio de grupos de estudo. Atualmente, muitos professores da rede pública estadual estão realizando cursos de formação com os professores que já concluíram o PDE. Dessa forma, é possível trazer inovações para a educação e despertar mais o interesse dos alunos.

Compostagem em Foco - 2ª parte da entrevista

FA: Com relação à escolha da compostagem, é uma opção sua ou do PDE? E como foi a experiência do senhor em ficar esse tempo de um ano estudando e participando do PDE?
CR: Cada professor PDE escolhe o seu tema, juntamente com o seu orientador. No meu caso, vi que essa temática viria a ajudar muito na formação dos alunos, com a conscientização em torno da preservação ambiental. Além disso, o projeto irá trazer benefícios ao Colégio, a partir do momento em que começarmos a utilizar o adubo produzido aqui mesmo por nós. Isso irá reduzir os custos com o plantio das hortaliças. O PDE tem um papel muito importante na formação dos educadores. Esse projeto me proporcionou o contato com o os principais teóricos da educação, além de poder conhecer e estudar os grandes filósofos da humanidade. Acredito que tenha sido de grande importância para a minha carreira profissional, tanto pelo ganho financeiro como pela bagagem cultural.

FA: Porque o senhor quis seguir a profissão de agrônomo? E o que o levou a se tornar professor?
CR: Eu quis, primeiramente, ser Agrônomo. Porque tenho muita afinidade com a terra e com as plantas. Desde pequeno, cresci na terra, perto da lavoura, influenciado e tomado pela natureza. Como diz o ditado ''Quem nasceu pra ser tatu, morre cavucando”. Depois de muitos anos nessa carreira, com a oportunidade de fazer o concurso para trabalhar no Colégio Agrícola, eu fiz as provas, passei, e comecei a dar aulas. Nunca mais parei de lecionar, e pretendo encerrar a carreira como professor.

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